Você sabe quem eu sou?
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Vi na tv, mesma cor, traços parecidos, olhos brilhantes cheios de vida.
Sim, eu a vi, com uma vida sofrida, lutadora, corrida.
Sim, eu a vi, na favela, na praia, no apartamento legal, na senzala.
Sim, eu a vi, correndo para não ser assediada, para não ser atacada, para não levar um tapa.
Sim, eu a vi, me vi?
Será que sou eu retratada na TV, será que minha vida toda eu vou precisar sofrer?
Eu me vi, me vi?
Construí aquilo que eu via constantemente.
Lutar, sofrer, ganhar – mas não ganhar – Correr, esquivar, sair de lá.
Me vi, em um contexto que eu não entendia o porquê. Por que só acontece comigo, e com a minha amiga protagonista é só vencer e crescer?
Sou protagonista? Não.
Sou a personificação da determinação? Talvez.
Fui construída para um objetivo? Sim!
Mas, por que a minha história precisa ser igual em todas as telas?
Por que sou retratada como alguém inferior?
Não!
Desconstruí, foi preciso, eu não via só aquilo no espelho, via algo além, além do que eles jamais mostraram.
Escolhi.
Escolhi ser aquela que não se subordina, a que mesmo sofrendo passa por cima, que não se permite ser mais atacada em cada esquina.
Reconstruí, toda aquela imagem que eu tinha feito sobre.
As imagens eram reais, mas eu não sou só aquilo dali.
Eu sou mãe, eu sou médica, eu sou advogada, eu sou modelo, sou até radialista.
E sim, quero que você me olhe com essas características, não só de uma escrava que um dia teve a sua alforria.
O negro no Brasil
O negro, a partir dos estereótipos, começou a acordar e perceber que não era aquilo que insistentemente pregavam. Nos últimos tempos, um grande movimento empoderador vem desmitificando o estereotipo de “negro submisso”, ganhando um corpo e movimentando milhares de pessoas, por meio de marchas relevantes nas grandes capitais, realçando a indignação da população negra sobre a forma como eram retratados. Artistas que já vem com um currículo grande – de papeis subalternos – começaram a interpretar papeis principais em grandes novelas, recebendo convites para publicidades tanto na parte de vídeo como em impresso, se tornando grandes personalidades do movimento negro nessas mídias.
Um projeto de lei do Brasil nº 4370/98, que determinou a porcentagem mínima de negros que precisavam atuar na publicidade, mostrou que o fato dos negros serem a maioria na população brasileira, ainda não eram representados.
Nos últimos anos, tem havido uma mudança muito grande na publicidade brasileira. Uma mudança muito forte imposta pelo movimento negro em relação a afirmação de figuras negras altivas e não apenas com a representação negro associada à marginalidade e à pobreza, nota-se que o negro já participa mesmo que timidamente desta mídia, e que ainda é necessária a presença de modelos ou personagens negros, para protagonizarem não somente produtos que são específicos para negros, mas, sobretudo para representar a sociedade de modo geral (CHAVES, p. 25, 2008).
Negro
na mídia
A atriz Tais Araújo, hoje estampa várias capas publicitarias e escolhe os papeis para representar. Ela foi à primeira negra a ter um papel principal em uma novela, mas ainda assim estereotipada. “Representamos uma parcela do Brasil que é muito subjugada o tempo inteiro. É importante para nós, como população negra, estarmos num lugar de prestígio”, disse a atriz em uma entrevista para o jornal O Globo. Hoje, ela e o seu marido, o também ator Lázaro Ramos, são o casal com maior influencia no show business. Mas a atriz, ainda sente falta de representatividade na mídia, para ela o fato de escolher em qual capa sair, não aumenta a diversidade negra que temos no país, que ainda se faz necessária à presença de outras mulheres. O fato de a Taís ter papéis relevantes em grandes novelas hoje, não muda que ela ainda recebe personagens completamente estereotipados, como por exemplo, a minissérie da Rede Globo “Mister Brau”, onde o negro só é bem sucedido por que canta – por que é artista- onde ainda é de certa forma sexualizada – não mais vulgarizada, como no seu papel de Xica da Silva.
O fato dela ser completamente empoderada na mini série já avança para a representatividade de várias meninas negras, que podem se ver no papel da atriz. Porém, a mídia ainda se aproveita da comercialização desse empoderamento, por que querendo ou não, as telenovelas, as minisséries e afins, criam um padrão de moda. Logo, as roupas da personagem, o tipo de cabelo, os acessórios utilizados, forma um mercado gigante e isso acaba banalizando um movimento muito antigo, que não se resume a uma moda em si, mas a uma história sofrida que foi vivida pelos negros desde a escravatura. A questão a ser tratada, é que o negro tem que estar nessas mídias, mas da forma certa, precisam mostrar de forma digna o que ele foi, o que é e o que pode ser.
54%
da população é negra
LEI BRASIL Nº
4370/98
25% DE NEGROS
nos programas televisivos
e de 40% nas peças publicitárias apresentadas nas tvs e nos cinemas
Heraldo Pereira, foi o primeiro negro a assumir a bancada do Jornal Nacional (2002).
Heraldo Pereira, foi o primeiro negro a assumir a bancada do Jornal Nacional (2002).
Maria Julia Coutinho, foi a primeira moça do tempo negra da Rede Globo (2015).
Glória Maria, foi a primeira repórter negra da rede Globo (1971).
0 são negros
dos 20 maiores publicitários do Brasil
Existem pessoas que gritam sem que o resto da população perceba. Já virou comum a imagem distorcida no seu comum.
Eles estão em todos os lugares, e ainda assim quase nunca notados, quase nunca percebidos, quase nunca cumprimentados.
As pessoas se perdem nas belezas e no final se tornam egoístas e vazias.
Nos devaneios dos pensamentos, acabamos vivendo em um mundo particular, sem a interação de ninguém. Afinal, quem tem tempo para isso, certo?
Quem tem tempo de olhar ao seu redor e ver o detalhes que nos cercam todos os dias?
Mas as coisas belas estão lá, enormes e exuberantes para quem quiser ver.
Mas afinal, quem liga? Quem realmente se importa? Já virou a vista da cidade, certo? Já virou característico das ruas.
Já virou comum ver o cansaço e ao mesmo tempo o desespero de algumas pessoas.
Mas já virou comum né? A correria já nos sedou, e não conseguimos mais paralisar.
Estereótipos, do latim stereotypes, no português mais contemporâneo, quando você tem uma preconcepção de algo ou alguma coisa, no português mais claro para a nossa situação, quando você olha para um pessoa e pensa: “hummm, isso é coisa de preto”.
Os estereótipos estão mais presentes no nosso dia a dia do que qualquer um aqui possa imaginar. Eu por exemplo, tenho preconcepções de pessoas diariamente, da mesma forma como fazem preconcepções sobre mim também diariamente. É aquela história de quando você conhece mais alguém e ela te diz: “Nossa, antes de te conhecer, te achava super metida”.
E quando assistimos televisão? Uma novela, por exemplo, que são grandes influenciadoras dos modismos e comportamentos das pessoas, que trazem todos os tipos mais sórdidos de estereótipos referente aos negros.
Joel Zito Araújo – um link do cara pra vocês verem o porte do negão – fez uma análise de diversas telenovelas brasileiras para saber como os negros eram retratados na televisão. Pois é gente, o cara achou muita coisa! Vamos lá!
Quem não se lembra da amável e protetora Tia Nastácia do Sítio do Pica-Pau Amarelo? A senhora negra, gorda, babá e cozinheira se enquadra no quesito mammies dos estereótipos. E o “corpo moreno, cheiroso e gostoso” que a personagem Preta da telenovela Da Cor do Pecado tem? Sexualizada talvez? Hum, acredito que sim!
Forte/Inabalável, lembra daquela novela que o negro passava por poucas e boas, tanto relacionado a preconceito ou qualquer outra dificuldade da vida, ele NUNCA se deixava abater – acho que por isso que até hoje existem comentários maldosos sobre negros né? Reflitam!
Ahh, mas com certeza você lembra dessa. A barraqueira, a escandalosa, a que chama atenção ou no bom português – ou não tão bom assim - “nega maluca”. Ou aquele cara que é humildão, mas sempre está de bem com a vida, porém é desorganizado e completamente atrapalhado, o cara que toda a vez que aparece na novela, você dá risada – sim, também lembrei do Foguinho da novela Cobras e Lagartos. E daquele cara, de porte atlético que é muito bom em algum esporte específico e sim, choquem, ele só sobe na vida por ser um esportista.
Tem também o servil/empregado, que por mais que o patrão desmereça e o subalterna, ele permanece quieto e calado. Ou o jagunço/capataz, que faz tudo o que o patrão pede, sem ao menos hesitar.
O Zito achou muito mais gente, e esse é o que me deixou – particularmente- muito triste. Quando o negro é retratado como burro ou incapaz, sabe, aquele que é bem ignorante, não sabe de nada. É retradado também como o pobre e humilde que só existe para participar do elenco da classe c. Ou até mesmo do vilão, que é 24 horas do dia mal, sim, ele mesmo, o ladrão, o traficante, o mal caráter e muitas outras características.
Existem muitos outros estereótipos, mas não iria dar tempo de falar de todos eles aqui, dá um Google que você acha mais! Mas, tenta observar nas novelas ou filmes brasileiros se você consegue identificar algumas dessas preconcepções destacadas a cima. Fica como lição de casa para você!
Ruth de Souza foi a primeira protagonista negra da Rede Globo (1969), depois apenas a atriz contemporânea Taís Araújo (1996).
Solange Couto, teve 37 papéis em toda a sua carreira. Apenas 7 não eram visivelmente estereotipadas
Zózimo Bulbul, foi o primeiro protagonista negro no folhetim "Vidas em Conflito" (1969).
Lázaro Ramos, é o primeiro galã negro da história da televisão brasileira (2011).
tiveram protagonistas negras
apenas
12
novelas brasileiras
O NEGRO E A MÍDIA
Negro
na mídia
A estética do
Quando tocamos nesse assunto, existem dois pontos importantíssimos que precisam ser destacados. O primeiro é a baixa presença e representações de negros na mídia, onde um país como o Brasil que, segundo as pesquisas, possui mais da metade da população se considerando negra ou parda, não reflete a realidade. O segundo é que quando o negro é de fato representado nessa mesma mídia, vem junto a isso um pacote de generalizações e estereótipos que apenas acabam contribuindo para a reprodução do racismo já enraizado na nossa cultura. É só lembrar das vezes que você usou termos, posições exclusivistas sem sentido e atitudes pejorativas para descrever pessoas. Afinal, fomos “ensinados” desde pequenos que a cor descreve muito mais do que um simples tom de pele, mas também fala sobre a condição social, o grau de escolaridade, o nível de confiança e segurança que a pessoa me transmite. Um infortúnio a parte.
As representações na mídia criam um imaginário na cabeça das pessoas referente ao papel que cada um deve tomar na sociedade. Mas o que acontece quando essas mesmas representações para certos grupos, que sempre concordamos em aceitar, são falhas ou inexistentes? É aí que percebemos que tem algo errado. Que talvez o que rotulamos como diferente, é simplesmente o normal. Afinal, em nosso senso de justiça, a maioria vence. Certo? Isso seria uma justa democracia. Mas não acontece. Só relembrando o que já disse anteriormente: mais da metade da população brasileira se considera negra.
Percebe-se que quando existe a representação do negro na mídia ela é embasada fortemente em estereótipos. O negro na mídia, principalmente na publicidade, é retratado em imagem sempre das mesmas formas: socialmente carente, trabalhador braçal, malandro, ligado a criminalidade, atleta ou como objeto de desejo sexual. Também é engraçado perceber que o cabelo do negro na mídia possui apenas pouquíssimas variações: black power, trançado ou curto quase raspado. Fora desses padrões o negro homem sempre é mostrado de cabeça raspada.
Entre atores e modelos negros, eu consigo perceber que existe um ar de “privilégios” para aqueles que se aproximam mais do “padrão de beleza ocidental”. Não sei se é minha falha percepção, mas me parece que existe um “nível limite” de aceitação da negritude mesmo para aqueles que já fazem parte da mídia. Engraçado, não? Ou seria tão engraçado para não chorar com essa triste realidade?
Por isso hoje, mais do que nunca, aceitar a estética negra é um símbolo de aceitação, de resistência, de empoderamento, uma forma de mostrar que é inadmissível aceitar o padrão imposto por uma sociedade racista.
desde a sua criação (1993), TODAS as Globelezas foram NEGRAS
miss brasil
Deise Nunes, 1º Miss Brasil negra (1986).
Raissa Santana, 2º Miss Brasil negra (2016).
30 anos de uma Miss para a outra
Somos um povo alegre,
Um povo que não abaixa a cabeça por causa das dificuldades,
Somos um povo que é bonito em qualquer lugar.
Que mesmo não seguindo os padrões impostos pela sociedade, o sorriso se mantém.
Somos bonitos, mesmo quando ficamos na frente de casa,
Somos bonitos, mesmo quando estamos só conversando com os nossos amigos,
Continuamos bonitos por que realmente somos bonitos, e não existe um padrão que nos diga o contrário.
E mesmo quando não somos vistos como realmente somos, continuamos ali, sorrindo
Continuamos ali, nos unindo e formando outros seres mais lindos.
Continuamos ali, meio tímidos, mas ainda alegres e lindos, por que não existe padrão para sermos humanos.
BRANQUEAMENTO
Séculos de história. São diversos os traumas causados ao longo desse tempo. E se não bastasse, os meios de comunicação ainda reforçam antigas mas tão vivas ideologias racistas. E essas ações tem gerado muitas consequências. Uma delas: o branqueamento nos meios de comunicação.
Algo muito sério a ser avaliado é que, ninguém nasce odiado a si mesmo. Quem ensina uma criança a se odiar, é o meio em que ela vive. Numa sociedade como a nossa onde a imagem estampada na mídia de uma criança negra é ligada à criminalidade, à pobreza e a outros estereótipos, não me surpreenderia ver uma crescente “auto negação” e “auto ódio”. Fora os ataques diários que crianças sofrem em suas rotinas, através de “coleguinhas” da escola que criticam a sua cor por que no desenho animado o negro é criminalizado.
É na adolescência que a necessidade de ser aceito pelo grupo se torna maior. E se não são aceitas de início, essas crianças vão em busca de métodos para serem integradas no grupo. Um primeiro passo, talvez, seja buscar ser parecido com os integrantes do grupo almejado. E porque não parecido fisicamente? Por que não, se parecer com a protagonista bem branquinha da Malhação, ou da cantora de pele rosada estampada na capa da revista da Capricho? Por que não, imitar os cabelos sedosos e esvoaçantes das lindas atrizes da tv?
Entende como o buraco pode ser muito mais em baixo? Não temos a capacidade e nem o entendimento necessário para saber o que leva uma pessoa a abraçar a ideologia do branqueamento. Opressão? Cansaço de viver a margem de uma sociedade que te define pela cor, mesmo que isso não justifique a tal definição? Ou talvez encontrou aceitação e alívio por ser parecido com quem não é reprimido na tv? Muitas justificativas. Pessoas que recorrem a processos de clareamento não devem jamais ser condenadas por suas atitudes. Mas algo que não tem como negar é que, a escolha pelo branqueamento é o suicídio de uma cultura rica, forte que conta a minha e a sua história. Afinal, o negro não é só história. O negro é Brasil!
Primeiro black face da historia da tv brasileira.
Exigido pelos patrocinadores da telenovela A Cabana do Pai Tomas (1969), o ator Sergio Cardoso foi o protagonista do folhetim, onde passou por mudanças radicais como pintura corporal, algodão no nariz - para ficar mais largo e algodão embaixo dos lábios para também aumentar o volume da boca.
O negro e a sociedade
Elas nos observam,
Não como um ser irracional.
Elas nos observam, por que nós somos o único espelho delas.
Elas nos observam, por que querem de alguma forma ser igual a nós,
Independente de onde a gente viva... Acredite, elas não se importam.
Elas nos observam, porque a cada olhar correspondido, elas se alegram.
Se alegram, porque na visão pequenininha delas, somos os gigantes e em nós elas veem segurança.
O céu não é mais um limite para a imaginação delas.
Por isso, as observem. Elas são puras e doces. O que elas se tornam, depende também de você. As ajude, para que no futuro, quando elas olharem para outros, possam tirar mais sorrisos do que choros.
Consigo contar nos dedos
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Empoderairmão
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Misael Santos(PRÉ-PRODUÇÃO) Querer mudar o mundo requer mudanças dentro de si mesmo. Não se muda um mundo com o coração cheio de preconceito e imposições que você acredita ser certa só porque é a realidade a qual você vive. | Milton Bragança(PÓS-PRODUÇÃO) Costumava ignorar esse assunto, mas percebi, é parte de quem sou, faz parte da minha profissão, portanto o empoderamento midiático definitivamente não deve ser ignorado. | Nycollas Petrucio(DIREÇÃO,DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E ROTEIRO) Conhecer uma realidade forte e não exposta sobre o que acontece com a metade da população, me faz refletir sobre o que eu, como comunicador, posso fazer para mudar esse efetivo real brasileiro. |
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Liane Castro(DIREÇÃO TRANSMÍDIA /WEB DESIGN E PRODUÇÃO DE CONTEÚDO) O real empoderamento é ser muitas vezes a pessoa que vai erguer a outra. | Thaynara Messias(PRODUÇÃO DE CONTEÚDO) Acredito na liberdade para todos, não apenas para o negro. Liberte-se da escravidão mental! | Benny Porto(PRODUÇÃO) |
João Victor(CAPTAÇÃO DE AUDIO E DESIGN SONORO) | Weslley Fonseca(PRODUÇÃO) |